JANELA DA MADRUGADA
Quando me abeiro daquela janela
Grande, muito ampla e rasgada
É a minha janela da madrugada
E tudo o que vejo através dela
Eu digo em louvor : Ó Deus obrigada!...
Pelo sol que acordou cedo pra iluminar
Toda a encosta dum vasto horizonte
Beleza que estenda para lá da ponte
Natureza que tanto gosto de contemplar....
Meu olhar se fixa nos choupos imponentes
Espelhados nas águas do rio Mondego
E numa canoa de lembranças eu aconchego
Meus sonhos já passados e tão envolventes...
Fecho os meus olhos em meditação
Ouço doces risadas do Portugal dos pequeninos
Da Sé nova uma melodia de acordes divinos
E respiro o perfume deste jardim em oração....
Tudo corre mansamente como o rio a meu lado
Ao passarem por mim capas de estudantes
Nelas meus olhos brilharam triunfantes
Ao recordar a queima das fitas e o fado.
Meus olhos são agora como duas avezitas
Sempre esvoaçando numa forma alada
Foram pousar no mosteiro das Carmelitas
Onde encerrei o sonho duma jornada.
Abri uma nova janela de alvorada
E nela suspendi o meu olhar
Neste convento eu quero ficar
Para dizer: Ó Deus obrigada !...
Coimbra, 22, Agosto, 2012
Maria da Luz Violante
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