ALFINETADAS
Se eu pudesse fugir...
Fugiria para o deserto
Onde o silêncio se faz ouvir
E a voz de Deus mais de perto
Assim não teria que sentir
Meu pensamento a faiscar lume
Pelas línguas venenosas e afiadas
Que se cravam em mim com espadas
Mas espadas de dois gumes
Que rasgam ao entrar
E dilaceram ao sair
Ah, se eu pudesse fugir....
Das tesouras, agulhas e alfinetes
Não teria que os engolir
Como se fossem doces galhardetes
Se eu pudesse fugir...
Deste mundo tão perverso
Não veria tanto lucifer a rir
Nem escrevia a fúria deste verso.
Mas eu sei que não posso fugir
E muito menos repelir
O que agride meu coração
E para não mais me ferir
Vou ter que saber bem digerir
Humildemente o silêncio e o perdão.
Amor, Fevereiro, 2005
Maria da Luz Violante
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